Documentos de família estimulam pesquisas e revivem a história
A partir de documentos familiares trazidos pelos alunos, a professora Jordana Stella Botelho, de Curitiba, no Paraná, montou um minimuseu na sala de aula e promoveu o resgate de fatos históricos. O projeto sobre o uso das fontes e documentos na escrita da história foi desenvolvido em uma turma de 4° ano (3ª série) da Escola Trilhas e ajudou a despertar a curiosidade dos estudantes e esclarecer fatos do passado.
“Cada aluno trouxe algo que considerava uma fonte histórica e apresentou para a turma, dizendo o que era, o que significava para a família, o motivo da escolha, se estabelecia alguma relação com um contexto maior”, explica a professora, que é aluna do mestrado em educação da Universidade do Paraná (UFPR), na linha de pesquisa História e Historiografia da Educação. O material trazido era variado e incluía objetos como fotos, discos, brinquedos antigos, passaportes de imigrantes, além de objetos pessoais de avós, bisavós, e trisavós, entre outros.
Segundo Jordana, as apresentações foram “muito ricas e instigantes,” permitiram “viajar” por diferentes períodos históricos e estabelecer relações com o tempo de hoje: o que mudou, o que permaneceu, semelhanças e diferenças. O dicionário em latim da avó de uma aluna, por exemplo, possibilitou que os estudantes descobrissem que esta língua já fez parte do currículo escolar. Os brinquedos, por sua vez, contaram um pouco sobre as crianças e as brincadeiras de antigamente.
“As fotos de lembrança escolar nos fizeram questionar e pensar sobre como era a escola naquele tempo, porque as crianças eram representadas daquele modo”, diz Jordana, pedagoga com 12 anos de experiência no magistério, tanto em instituições públicas quanto privadas, que também exerce a função de coordenadora pedagógica na Escola Trilhas. Para ela, mesmo que as questões levantadas na sala de aula não tenham sido tão aprofundadas, já que se tratava de uma turma de 4º ano, foi “muito rico” o fato de poder conversar, pensar, discutir, levantar questionamentos e hipóteses sobre o trabalho de um historiador e de que forma acontece a pesquisa em história.
O caso de uma aluna cujo pai havia sido prisioneiro durante o regime militar serviu para esclarecer alguns pontos do passado recente do Brasil. Ao verificar que a menina estava com vergonha de mostrar aos colegas o documento que dizia que o pai tinha sido preso político, Jordana resolveu conversar com ela. Explicou o contexto da época, citou alguns artistas que também haviam sido presos naquele período e propôs dar uma aula à turma sobre o regime militar, antes que a aluna apresentasse o documento, para que todos pudessem entender melhor a situação.
Após a concordância da estudante, a professora exibiu o filme O ano em que meus pais saíram de férias. A história mostra as modificações ocorridas na vida de um garoto a partir do dia em que seus pais saem de férias de forma inesperada. Na verdade, os pais do menino tiveram que fugir porque se opunham ao regime da época. Jordana deu então uma pequena aula sobre o tema e quando a aluna mostrou o documento, a professora percebeu que surgiram ainda mais questões, pois o assunto agora parecia bem mais próximo da turma.
De acordo com a professora, a partir da realização desse projeto os conteúdos estudados em história ao longo do ano ganharam uma “outra cara”, pois o tempo todo tinham como pano de fundo uma noção do caminho percorrido pelos historiadores.
(Fátima Schenini)
FONTE: PORTAL DO PROFESSOR MEC.
“Cada aluno trouxe algo que considerava uma fonte histórica e apresentou para a turma, dizendo o que era, o que significava para a família, o motivo da escolha, se estabelecia alguma relação com um contexto maior”, explica a professora, que é aluna do mestrado em educação da Universidade do Paraná (UFPR), na linha de pesquisa História e Historiografia da Educação. O material trazido era variado e incluía objetos como fotos, discos, brinquedos antigos, passaportes de imigrantes, além de objetos pessoais de avós, bisavós, e trisavós, entre outros.
Segundo Jordana, as apresentações foram “muito ricas e instigantes,” permitiram “viajar” por diferentes períodos históricos e estabelecer relações com o tempo de hoje: o que mudou, o que permaneceu, semelhanças e diferenças. O dicionário em latim da avó de uma aluna, por exemplo, possibilitou que os estudantes descobrissem que esta língua já fez parte do currículo escolar. Os brinquedos, por sua vez, contaram um pouco sobre as crianças e as brincadeiras de antigamente.
“As fotos de lembrança escolar nos fizeram questionar e pensar sobre como era a escola naquele tempo, porque as crianças eram representadas daquele modo”, diz Jordana, pedagoga com 12 anos de experiência no magistério, tanto em instituições públicas quanto privadas, que também exerce a função de coordenadora pedagógica na Escola Trilhas. Para ela, mesmo que as questões levantadas na sala de aula não tenham sido tão aprofundadas, já que se tratava de uma turma de 4º ano, foi “muito rico” o fato de poder conversar, pensar, discutir, levantar questionamentos e hipóteses sobre o trabalho de um historiador e de que forma acontece a pesquisa em história.
O caso de uma aluna cujo pai havia sido prisioneiro durante o regime militar serviu para esclarecer alguns pontos do passado recente do Brasil. Ao verificar que a menina estava com vergonha de mostrar aos colegas o documento que dizia que o pai tinha sido preso político, Jordana resolveu conversar com ela. Explicou o contexto da época, citou alguns artistas que também haviam sido presos naquele período e propôs dar uma aula à turma sobre o regime militar, antes que a aluna apresentasse o documento, para que todos pudessem entender melhor a situação.
Após a concordância da estudante, a professora exibiu o filme O ano em que meus pais saíram de férias. A história mostra as modificações ocorridas na vida de um garoto a partir do dia em que seus pais saem de férias de forma inesperada. Na verdade, os pais do menino tiveram que fugir porque se opunham ao regime da época. Jordana deu então uma pequena aula sobre o tema e quando a aluna mostrou o documento, a professora percebeu que surgiram ainda mais questões, pois o assunto agora parecia bem mais próximo da turma.
De acordo com a professora, a partir da realização desse projeto os conteúdos estudados em história ao longo do ano ganharam uma “outra cara”, pois o tempo todo tinham como pano de fundo uma noção do caminho percorrido pelos historiadores.
(Fátima Schenini)
FONTE: PORTAL DO PROFESSOR MEC.