terça-feira, 1 de março de 2011

28 milhões de crianças ficaram fora da escola por causa dos conflitos armados.

SÃO PAULO. As guerras e os conflitos armados deixam 42% das crianças do mundo fora da escola. Um relatório divulgado hoje pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) revela que 28 milhões de crianças em idade escolar primária ficaram fora da escola em 35 países atingidos por conflitos violentos entre 2000 e 2008. Só de refugiados que se deslocam pelo mundo para fugir das guerras, a Unesco calcula que exista uma população de 43 milhões de pessoas. Mesmo nos campos de refugiados, o índice de crianças que conseguem estudar é baixo, 69%.
Apenas 2% dos recursos oriundos da ajuda humanitária vão para a educação, enquanto grande parte acaba sendo usada em gastos militares. Um corte de 10% nos gastos militares de 21 países em desenvolvimento colocaria 9,5 milhões de crianças na escola, 3,6 milhões só no Paquistão.
O "Relatório de Monitoramento Global de Educação Para Todos 2011" foi divulgado ontem pela Unesco, que considerou a relação entre os conflitos armados e a educação como uma "crise oculta". De acordo com o documento, existe um déficit de US$ 16 bilhões (cerca de R$ 26,56 bilhões) em financiamentos externos para cumprir o programa "Educação Para Todos", da Unesco. Seis dias de gastos militares dos países doadores cobriririam o déficit. A educação, no entanto, é a área que mais recebe negativas de ajuda humanitária. Apenas 38% das solicitações de programas educacionais são cumpridas, o que corresponde à metade das outras áreas.
Os conflitos comprometem também a educação secundária: nos países com crise armada, as taxas de matrícula no ensino secundário são reduzidas a um terço das registradas em países em desenvolvimento que vivem processos de paz. Esse número é ainda menor quando as matrículas são de meninas. A taxa de alfabetização de adultos em países em desenvolvimento caem de 92% para 79%, caso esses países estejam em guerra. E os conflitos se tornam cada vez mais longos: nos países de baixa renda, chegam a uma média de 12 anos e sobem para 22 anos em países com média baixa renda.
A deficiência na educação, segundo a Unesco, está diretamente relacionada à mortalidade das crianças e pode comprometer um futuro de paz para os países em conflitos. Um dos levantamentos aponta que, entre 2003 e 2008, 4,4 milhões de crianças menores de cinco anos morreram na África Subsaariana. Esse número cairia para 2,6 milhões se as mães tivessem recebido educação secundária. No Quênia, os filhos de mulheres que não completaram a educação primária tem duas vezes mais risco de morrer antes dos cinco anos em comparação aos filhos de mães com educação secundária e superior.
O relatório aponta que o mundo está longe de cumprir metas como a criar o acesso universal à educação básica até 2015. Ao contrário, a projeção é de que em 2015 o número de crianças fora da escola seja de 72 milhões. O financiamento da educação, principalmente nos países mais pobres, também atingiu, em 2010, níveis inferiores a 2008.
Brasil é o oitavo em adultos analfabetos
O relatório da Unesco mostra que a maioria dos adultos anaflabetos vive em apenas dez países. São 796% adultos considerados analfabetos, 283 milhões deles vivendo na Índia, 67 milhões na China, 51 milhões no Paquistão, 49 milhões em Bangladeshi. Nigéria, Etiópia e Egito tem, respectivamente, 35, 29 e 18 milhões de analfabetos. O Brasil aparece em oitavo lugar, com 14 milhões, seguido por Indonésia e República do Congo.
Fonte: O Globo.

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