A criança não vai viver no mundo em que nós vivemos e, portanto, tem o direito de construir o mundo em que vai viver. Conversando com uma criança de dez anos sobre guerra nuclear, ela nos disse: “Eu acho que os adultos têm inveja porque eles vão morrer, e a gente, criança, é que vai ficar, e aí, eles querem destruir o mundo”. Talvez essa criança tenha uma profunda razão no que diz. Muitas vezes queremos impor formas de ser, que, no fundo, apenas revelam como somos frustrados por não termos feito diferente ou porque somos incompetentes para mudar. A velha frase de que a criança de hoje é o homem de amanhã não deveria ser esquecida. Os adultos, de maneira geral e particularmente os professores, estão, freqüentemente, dominados por seus valores, sua moral, seus medos e ambições e tentam, a todo custo, impô-los às crianças. Muitas vezes essa imposição é feita de maneira suave, fazendo uso de “chantagem afetiva”; os pais, particularmente, utilizam muito este método, ao passo que os professores tendem a repressão pura e simplesmente, dizendo o que é certo e o que é errado.
Fotos: Juraci Araújo.
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