domingo, 24 de julho de 2011

Mais uma planta milagreira?

Mais uma planta milagreira?

Dr. Jorge Boucinhas [ médico e professor da UFRN ]

O assunto de hoje é uma fruta cujo consumo tem tido grande expansão por todo o mundo e é usada pela Medicina Alternativa na luta contra diversas enfermidades. Alguns a chamam "árvore da vida". Seu nome científico é Morinda citrifolia, e pertence à família botânica das Rubiaceae. Chegou aos Estados Unidos em 1996 e desde então fez sucesso, tendo sido comercializada especialmente sob forma de suco misto (associada a outras frutas) até tendo chegado a ser apontada como campeã de vendas dentre os produtos naturais. Depois de tal explosão de vendas em terras americanas expandiu-se para Japão e Europa e já teve um "boom" de interesse no Brasil.   Atualmente se está no que parece ser uma "redescoberta".

Trata-se do Noni, também conhecido como amora indiana. É fruta exótica, sem similar no combate a muitas doenças, originária da ilhas da Polinésia e, quiçá, da China.

Apresenta-se como um arbusto ou pequena árvore, podendo as mais velhas atingir 10 a 12m de altura.  Folhas pequenas, muito verdes, de formato oval. Flores brancas, axiais. Nos climas tropicais e com água franca por todo o ano produz praticamente sem cessar. O fruto tem aparência esquisita, com formato de uma batata e aspecto de uma graviola, mas de casca mui delicada, quase transparente, exalando, ao estar bem madura, um odor discretamente nauseabundo (este é o adjetivo, mesmo!). Pode-se aproveitar toda a planta, das sementes às folhas, passando por flores, cascas e raízes, porém é no suco do fruto que apresentam-se os mais importantes princípios ativos, pois é prenhe de fitoquímicos medicinais e se constitui em grande eliminador de radicais livres. Este suco tem sabor sui generis, a alguns parecendo um pouco enjoativo, mas, misturado ao de outras frutas (parecendo a uva especialmente indicada para isto), torna-se menos acentuado. Os nativos das áreas de que é autóctone consideram-na milagrosa, e há séculos tem aplicação em dores musculares, artrite, hipertensão e doenças degenerativas quais câncer e diabetes melito. 

Foram isolados do noni 150 nutracêuticos (princípios ativos com propriedades farmacológicas). Entre seus principais princípios ativos está uma substância química chamada proxeronina, que pertence a categoria da lisoenzimas. Ela auxilia a secreção das endorfinas, ativando as condições de bem-estar e elevando o ânimo às pessoas. No organismo transforma-se em xeronina, alcalóide situado num receptor celular adjacente à beta-endorfina.  Em consequência, dá mais vitalidade e bem estar aos usuários. A daninacantal, também nele encontrada, é substância isolada por pesquisadores da Universidade de Keyo e do Instituto de Ciências Biomédicas do Japão, que parece auxiliar a retardar e até inibir multiplicações de células cancerosas.  Um fitonutriente chamado escopoletina, eficaz agente antiinflamatório nos casos de reumatismo, artrite, bursite e síndrome do túnel de carpo, e, de acordo com o médico Neil Solomon, renomado autor de obras sobre nutrição funcional e comentarista da CNN, ele faz desaparecer a dor da osteoartrite e da tendinite em poucos dias de uso.  Certas substâncias chamadas antraquinonas, também presentes na fruta, estimulam as atividades do estômago, e aumentam o fluxo biliar e as secreções enzimáticas digestivas em geral. Também têm papel efetivo no alívio das dores em geral e, possivelmente, podem ser úteis como suplementos no apoio ao tratamento de tumores malignos.

Segundo cientistas das Universidades de Stanford (EUA) e Metz (França), e do London Union College (Inglaterra), as últimas pesquisas apontam no sentido de que o suco do noni reforça o sistema imunológico, tem efeito antinflamatório e analgésico, favorece a regeneração das células lesadas, reduz a tensão arterial e apresenta propriedades antibacterianas. Também interage com a melatonina e a serotonina, regularizando o ciclo sono-vigília.   Ademais têm-se acumulado evidências de que pode inibir a formação e o crescimento de tumores cancerígenos. Já no ano de 1992 fora apresentada na Associação Americana de Pesquisas sobre o Câncer interessante comunicação sobre a atividade antitumoral da Morinda citrifolia, com relatos de pesquisas do Departamento de Patologia e Farmácia da Faculdade de Medicina John Burns (EUA).  Trabalhos realizados após o ano 2000 têm corroborado as assertivas desta primeira comunicação e levado adiante as vantagens da utilização do noni para tal mister. 

Bem, as coisas geralmente não são tão boas como se quer nem tão más como querem os detratores: lembrando-se o Buda, o caminho do meio é o mais certo. No aguardo de maiores esclarecimentos científicos nada impede que se use diariamente um pouco dele, hoje já plantado em muitas áreas do Rio Grande do Norte, estando, portanto, mais acessível a todos e sendo, se bem preparado, um alimento até saboroso.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário