Aluno carente da USP passa o dia com R$ 11; veja o que estudantes fazem para se manter
Amanda Serra
Em São Paulo
Ingressar na universidade pública é o sonho da maioria dos jovens brasileiros de baixa renda. Entretanto, essa não é uma tarefa fácil. Dentre diversos motivos, relatados por estudantes carentes em entrevista ao UOL, os principais deles são o sucateamento da educação básica e a dificuldade financeira em se manter na faculdade.
Aluno do curso de contabilidade na USP, oriundo de escola pública, Enedino Neres da Cruz Júnior, 19, resolveu abandonar o trabalho como auxiliar administrativo para se dedicar aos estudos. O esforço deu frutos e ele conseguiu ser aprovado nos vestibulares mais concorridos do país – USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade de Campinas). “Somos sempre o herói da nossa própria história”, diz o adolescente.
Veja um dia na vida do estudante Enedino Júnior
Foto 1 de 26 - O sol ainda nem nasceu e Enedino Neres da Cruz Júnior, 19, já está pronto para mais um dia. Sai de casa, no jardim São Luís, zona sul de São Paulo, às 5h50 da manhã, para só voltar depois das 22h. O destino é a USP (Universidade de São Paulo). Júnior está no primeiro semestre do curso de contabilidade, na FEA (Faculdade de Economia e Administração) Fotos: Aline Arruda/UOL - Texto: Suellen Smosinski
Morador do Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, o universitário é o primeiro de sua família a ingressar no ensino superior público. Os pais de Enedino são divorciados e ele mora com a mãe, que trabalha como empregada doméstica e o ajuda com os gastos acadêmicos -livros, condução, alimentação e xerox.
Bilhete único sem crédito
A realidade social dos colegas de faculdade de Enedino é bem diferente da sua. “Nos primeiros dias de aula as pessoas comentavam que tinham ganhado um carro dos pais, porque passaram na universidade, e eu estava ali apenas com o meu bilhete único sem crédito, mas felizConheça outras histórias
- Depois de se formar na faculdade pelo Prouni, o jovem seguiu para mestrado no exterior
Enedino sonha em viajar para o exterior, dar uma vida melhor e tranquila para a mãe e trabalhar em uma instituição internacional. “Gostaria trabalhar na ONU (Organização das Nações Unidas), OMC (Organização Mundial do Comércio) ou no Banco Mundial”, revela o universitário,que atualmente trabalha como voluntário em um cursinho popular.
Estágio e curso
Morador de Caieiras, interior de São Paulo, Guilherme Duarte, 21, caçula de três filhos, é o primeiro da família a ingressar no ensino superior público. Com uma renda familiar de R$ 1.800 mensais, o estudante não conseguiria pagar a graduação se não tivesse ingressado na universidade pública. O universitário conta como é estudar engenharia naval (USP) e conciliar o estágio, já que seu curso é integral.“Estagiar é importantíssimo na carreira de qualquer universitário. As pessoas saem da Poli (Escola Politécnica da USP) com muito conhecimento técnico, mas muitas vezes sem nenhuma experiência profissional. Além do dinheiro, que para mim é importante, acredito que a prática também contribuiu para o aprendizado”, avalia Duarte, que trancou algumas disciplinas escolares para poder trabalhar e estudar.
Antes do estágio remunerado, Guilherme se mantinha na universidade por meio de bolsas de estudos. “Nos dois primeiros anos de faculdade eu recebi um auxílio financeiro da Associação dos Engenheiros Politécnicos, no valor de R$ 465 mensais, além da bolsa de iniciação científica.”
http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/
Nenhum comentário:
Postar um comentário