domingo, 30 de outubro de 2011

Nova exposição reorganiza Pinacoteca de São Paulo para contar história da arte brasileira

Nova exposição reorganiza Pinacoteca de São Paulo para contar história da arte brasileira


São Paulo – Uma nova disposição do espaço interno da Pinacoteca do Estado de São Paulo permite o acesso do público às sacadas do edifício, de onde se avista a Estação da Luz, terminal ferroviário construído no século 19. Os visitantes da nova exposição de longa duração da Pinacoteca – Arte no Brasil – já podem desfrutar dessa vista. Para chegar à varanda, eles passam por uma sala com sofás e almofadas projetada para que possam relaxar um pouco.
Segundo Giancarlo Hannud, pesquisador da Pinacoteca, a pausa para descanso e reflexão faz parte do processo de apreciação da arte. “A arte demanda um certo tempo, tem que dar um certo tempo para que ela possa fazer o trabalho dela”, ressaltou.
O espaço foi reorganizado para permitir que as cerca de 500 obras do acervo da Pinacoteca que estão expostas em 11 salas mostrem a trajetória da arte no Brasil até as primeiras décadas do século 20, explicou Hannud. “[A mostra] foi organizada de maneira que as pessoas possam entender as transformações e os desenvolvimentos que a arte sofre”, acrescentou o pesquisador.
A ideia é reforçada pelos textos explicativos que acompanham as obras. Com isso, além de ver A Dama, obra de 1906 de Georgina Albuquerque (1885-1962), o público poderá avaliar a contribuição da pintora para a inclusão da mulher no mundo artístico. “Ela foi a primeira diretora mulher da Escola Nacional de Belas Artes. Quando ela começou, era impossível pensar isso. Depois, quando estava no fim da carreira, dirigiu a mais importante instituição de arte no Brasil”, disse o pesquisador.
Focado no contexto histórico, o roteiro da mostra não deixa de lado as obras mais conhecidas e admiradas pelo público. “As obras mais importantes e queridas do público continuam expostas”, garante Hannud, ao passar diante do quadro Saudade, de Almeida Júnior. O texto que explica a obra diz que a figura da moça vestida de negro, que chora ao olhar uma foto, faz lembrar a morte trágica do pintor. Envolvido com uma mulher casada, Almeida Júnior (1850-1899) acabou assassinado pelo marido traído.
Porém, antes de morrer, o artista ajudou, assim como o escritor Monteiro Lobato (1882-1948), a consagrar no imaginário popular a figura do caipira. “Pensar na ideia do caipira sem pensar no Almeida Júnior é difícil”, ressalta Hannud, ao falar sobre os trabalhos da última ala da exposição, Um Imaginário Paulista, na qual podem ser vistas obras de Lasar Segall (1891-1957) e Candido Portinari (1903-1962), como o famoso Mestiço. O quadro, que retrata um mulato com as unhas sujas do trabalho com a enxada, foi comprado, um ano depois de pronto, por indicação do escritor Mário de Andrade, que, à época (1934), era membro do Conselho de Orientação Artística do Estado.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.

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