Especialistas 
desenvolvem banco de dados que ajudará os gestores da alimentação 
escolar na hora de comprar os produtos destinados aos alunos do ensino 
público. O objetivo é diminuir o custo das refeições e, ao mesmo tempo, 
torná-las mais variadas e atraen
Elaborar diariamente um menu e não cair 
na mesmice é uma tarefa difícil. Se em casa é assim, imagine o trabalho 
que dá para os responsáveis pela alimentação escolar? Pensando nessa e 
em outras dificuldades da rotina dos gestores de ensino, um grupo 
multidisciplinar com profissionais de diversos órgãos de São Paulo, 
incluindo a USP e a Unicamp, iniciou um projeto para melhorar e 
facilitar a escolha de frutas, verduras e hortaliças que compõem o prato
 servido para os alunos das escolas públicas. Quando finalizado — a 
previsão é para 2014 — o programa poderá ser utilizado em todo o Brasil.
De acordo com a engenheira de alimentos 
do programa, Fabiane Mendes da Câmara, o objetivo é dar apoio aos 
gestores que fazem as compras para a merenda escolar. Ela conta que, 
muitas vezes, esses funcionários têm dificuldades de escolher o melhor 
produto por não serem especialistas. “O ideal é que cada município tenha
 um nutricionista, mas como essa recomendação não é sempre cumprida, 
esse trabalho se torna mais difícil”, indica.
Além de o responsável ter dificuldade de
 escolher o ingrediente mais fresco, ou seja, o da estação, é comum que 
ele faça compras que incluem produtos com alguns defeitos que, segundo 
os critérios da alimentação escolar, não podem ser utilizados. E pior, 
esses produtos, muitas vezes, saem mais caros. “O valor, entre 
diferentes tamanhos e qualidade do mesmo produto no mesmo dia, é muito 
grande. O Serviço de Alimentação Escolar paga pelo produto mais 
valorizado e recebe o menos valorizado — uma diferença em torno de 
100%”, aponta.
Plataforma
Para evitar problemas como esses, o 
grupo trabalha na criação de um banco de dados que contará com mais de 
90 itens catalogados. A plataforma vai fornecer informações como a 
melhor cotação de preço, as informações nutricionais, os diferentes 
tipos do mesmo produto, a sazonalidade e aquelas que são mais 
comercializadas. “Com essas informações, o cliente pode fazer uma compra
 mais pontual. Se a intenção for fazer um purê de batatas, por exemplo, o
 gestor pode comprar o tubérculo mais adequado, pois terá as informações
 necessárias para fazer a escolha na plataforma”, explica Fabiane.
A ideia é aperfeiçoar o HortiEscolha, 
menu disponível no site HortiBrasil. Esse site, atualmente, fornece 
apenas uma classificação dos alimentos. A partir da diferença de 
aproveitamento e preço, ele chega a um coeficiente com melhor 
custo-benefício para cada ingrediente, permitindo comprar, com os mesmos
 recursos, mais produtos. O novo programa traz mais variáveis a essa 
equação, orientando a compra.
“Com as informações organizadas e 
facilitadas, o nutricionista poderá montar um cardápio com menos 
repetições, mais rico nutricionalmente e ainda mais em conta”, pontua a 
engenheira de alimentos. Geralmente, o cardápio escolar é muito 
restrito, o que aumenta a resistência dos alunos aos pratos servidos. 
“Uma pesquisa da Unicamp constatou que a recusa voluntária das refeições
 por grande parte dos estudantes está relacionada à monotonia dos 
cardápios”, menciona.
Na prática
A merendeira da Secretaria de Educação 
do Governo do Distrito Federal Letícia Levenhagen explica que os 
cardápios das escolas públicas do Distrito Federal são montados pela 
equipe de nutricionistas do GDF. “Os alimentos chegam com o cardápio e 
aqui nós preparamos”, descreve. Ela vê os menus mais como uma orientação
 do que uma regra a seguir, uma vez que nem sempre a comida pode ser 
preparada como foi indicada no cardápio. “A gente faz adaptações. Este 
mês, por exemplo, estava no cardápio a galinhada com couve, mas como a 
hortaliça não veio, servimos arroz com frango”, conta.
Pela percepção dela, cada turma gosta 
mais de alguns alimentos do que outros e a recusa tem muita relação com a
 idade. “As crianças não se importam tanto com a comida, mas os 
adolescentes parecem ter vergonha e preferem o lanche pago da cantina”, 
observa. Para ela, o lanche pago deveria ser fiscalizado. “Os meninos 
comem muito doce e refrigerante e isso dificulta a concentração em sala 
de aula”, acredita.
Na merenda, os pratos são mais 
balanceados. Há dias em que são servidos pratos como caldo de feijão ou 
arroz com sardinha, rica em ômega 3. Já outros, com biscoito e iogurte 
ou sucrilhos. “Eu tento ter bom senso para escolher o que preparar. 
Quando está frio, priorizo receitas mais substanciosas. Já nos dias 
quentes, sirvo as opções mais leves e refrescantes. Dessa forma consigo 
uma aceitação maior”, arquiteta. O Correio tentou ouvir o Departamento 
de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação do DF sobre a proposta 
do grupo paulista, mas não obteve retorno.
Oferta essencial
A merenda escolar é, muitas vezes, a 
única opção de refeição balanceada e rica em nutrientes para 45,6 
milhões de crianças brasileiras. No entanto, essa alimentação tem muito a
 melhorar. De acordo com a última Pesquisa Nacional do Consumo Alimentar
 e Perfil Nutricional de Escolares, Modelos de Gestão e de Controle 
Social, do Programa Nacional de Alimentação Escolar, a oferta semanal 
média de frutas e hortaliças é de apenas 40g. A recomendação é de 200g. 
Além disso, 41% dos cardápios não servem nenhuma fruta e 16% não 
utilizam hortaliças.
Autor: Correio Braziliense
http://www.correioweb.com.br/euestudante/noticias.php?id=28047
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