quinta-feira, 2 de junho de 2011

ALUNA DE ESCOLA PÚBLICA FALA DO DESCASO DA EDUCAÇÃO NO RN.

Apoio a educação
Para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito”, os direitos são claramente vinculados na sociedade pelas mídias, o respeito às regras que deve vir dos representantes do país e também dos representados, norteiam a consciência – queira ou não, de todos; no entanto, arcaicos preconceituosos desmerecem a educação no nosso país. O que vemos? Governantes satisfeitos com a situação atual da educação, que veem os direitos da categoria dos professores como uma mordomia desses, e que não haverá retrocessos se os direitos não forem cumpridos, assim, desrespeitam e inibem essa classe trabalhadora tão essencial para o crescimento do país em seus benefícios.
Visto como o detentor da pior educação do Brasil, o Rio Grande do Norte faz jus à consideração; no início de maio de 2011 se iniciou uma greve no referido estado, com direito legítimo, que tem como objetivos principais a reivindicação de melhores condições de trabalho, e cumprimento das leis do Piso Salarial, - direito de todos os professores, no entanto, a governadora do estado,  Rosalba Ciarlini, se mostra indiferente à política dos trabalhadores que no ato de meio mês de greve engloba 90% das escolas públicas em todo o  estado, essa indiferença pela governadora é mais um acréscimo de vergonha, já que a própria  se diz  também professora.
Em todo Brasil vemos o festejo dos governantes, quanto à educação, eles apregoam para o mundo que as taxas de analfabetismo estão se erradicando e os dados estatísticos mostram o crescimento da escolarização no país, todavia, existem diversos argumentos refutáveis que destroem esse exemplo equivocado e errôneo, entre eles podem ser citados os eloqüentemente proferidos pela professora Amanda Gurgel na audiência pública, a qual tomou voz e representou de forma autêntica os professores não só do RN, mas do país, entre eles a falta de estrutura das escolas, da merenda, de professores, a situação pela qual o professor se submete para conseguir seu sustento, em que muitos ministram aulas nos três turnos do dia e não têm sequer tempo para o planejamento das futuras aulas, e nem dinheiro para se locomover de uma escola para outra; neste sentido não há qualidade nenhuma pra aluno de colégio público, pois, não tem como se dá assistência necessária em uma situação como essa. Nas redes sociais podemos encontrar textos reacionários que até discriminam os professores alegando que estes estão colocando em primeiro lugar seus objetivos deixando em desvantagem o aluno que não terá aulas, comparando até com os alunos de colégios particulares que têm aulas normais e preparação adequada – digamos para o vestibular, isto posto, vale ressaltar que pelos referidos argumentos notamos que a estrutura social da escola há tempos está esfacelada e que mais vale ficar uns dias sem aula que ter professores desestimulados e desarticulados para o ofício, o que gera aí sim desvantagem, pois eu como aluna garanto que meus professores têm melhores atributos para lecionar que muitos professores particulares, só lhes faltam recursos. Partindo da mesma ideia apresentada é válido acrescentar que a carga horária intensa reserva também graves conseqüências à saúde dos professores; como triste exemplo pode-se citar o caso que ocorreu no dia 15 desse mês, na madrugada da referida data um professor da cidade de Parelhas morreu de um ataque fulminante em virtude de sua vida atarefada, Alexandre mais conhecido como Lili tinha apenas 28 anos e lecionava em quatro escolas e dois cursinhos para manter uma boa qualidade de vida, porém,  essa busca lhe trouxe um triste fim, aí fica a pergunta: quantos mais terão que dar suas vidas até que o governo perceba a importância da educação e da parte elementar que é o professor? Isso indigna qualquer um.
O Sinte está desde o princípio prestando apoio aos professores, a situação é vista como alarmante; Fátima Cardoso, coordenadora do Sinte afirmou - “Não queremos tratamento diferenciado, queremos igualdade no tratamento”; no dia 26 de maio uma manifestação do sindicato com caráter estadual, deu destaque aos alunos que gritavam indignados – “O professor é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo”! . O fracasso na educação encontra sua resposta em governos como o do RN, cujas origens remontam uma história inteira de repetições e deveres descumpridos. A greve enseja seu ponto crucial, e a popularização tem caráter nacional, o que traz outro motivo irremediável para a continuação. Como alicerce para a não concessão dos direitos aos educadores, o governo argumenta não haver verba suficiente, pois, estão ressarcindo dívidas deixadas pelo governo anterior; contraponde-se a isso devemos dar ênfase que estamos falando de um governo estadual, as verbas são renovadas mensalmente, e ademais, segundo o Dieese, o Rio Grande do Norte arrecadou em tributos no primeiro semestre deste ano, nada menos que R$ 776 milhões, assim fica claro o descaso com o dinheiro público que não tem maneiras para somar aos professores seus benefícios, mas tem condições de manter os escândalos de corrupção.
Concluo ressaltando a falta de respeito com o dinheiro público, e principalmente com os professores, esses são os formadores essenciais para construção de um país digno, deles podemos esperar todas as bases para o futuro, eu espero o fim da greve lutando ao lado dos meus educadores, que entre outras lições me ensinaram a nunca desistir dos meus ideais.
                             Como diz Jáecia: Vamos em frente !

                                                          Luana Cristina
Aluna da 3ª série do ensino médio na Esc. Est. Profª Iracema Brandão de Araújo-Acari-Rn


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