quarta-feira, 1 de junho de 2011

Haddad vê ‘viés fascista’

Haddad vê ‘viés fascista’

Publicação: 01 de Junho de 2011 às 00:00

Brasília (AE) - Os críticos do livro “Por uma vida melhor”, que defende que a fala popular (ainda com seus erros gramaticais) é válida na tentativa de estabelecer comunicação, adotam postura fascista, disse na manhã ontem o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Há uma diferença entre o Hitler e o Stalin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas o Stalin lia os livros antes de fuzilá-los. Ele lia os livros, essa é a grande diferença. Estamos vivendo, portanto, uma pequena involução, estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler”, afirmou Haddad, durante audiência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em Brasília.

Antônio Cruz/ABRMinistro Fernando Haddad faz alusão a tempos de Stalin na RússiaMinistro Fernando Haddad faz alusão a tempos de Stalin na Rússia
Uma comissão formada por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aprovou o livro “Por uma Vida Melhor”, da Coleção Viver e Aprender. O livro, que chegou a cerca de 484 mil alunos de todo o país, defende que a forma de falar não precisa necessariamente seguir a norma culta. “Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar os livro? Claro que pode”, diz um trecho.

O livro lembra que, caso deixem de usar a norma culta, os alunos podem sofrer “preconceito linguístico”. “Fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas.” A Defensoria Pública da União (DPU) no Distrito Federal entrou com ação pedindo que os exemplares sejam recolhidos das escolas públicas.

O ministro também afirmou, durante audiência no Senado, que o kit que estava sendo preparado para combater o preconceito contra homossexuais nas  escolas poderá incluir outros grupos que também são vítimas de discriminação. Segundo ele, a sugestão foi feita pela Frente Parlamentar em Defesa da Família.

“Vou submeter essa consideração para a presidenta para receber as diretrizes. Ela [Dilma Rousseff] deixou claro que entendeu que aquele material não estava adequado e pediu para reanalisar o combate à intolerância. Ela compreende que é preciso combater qualquer tipo de preconceito, inclusive a homofobia”, afirmou.

Na semana passada, o governo recuou no projeto de produção e distribuição de materiais às escolas de ensino médio para combater a discriminação à população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), após pressão da bancada religiosa. O kit foi elaborado por entidades de defesa dos direitos humanos e da população LGBT a partir do diagnóstico de que falta material adequado e preparo dos professores para tratar do tema. Ele era composto por cadernos de orientação aos docentes e vídeos que abordavam a temática do preconceito, mas foi cancelado depois que a presidenta Dilma Rousseff assistiu a um dos vídeos e não gostou do conteúdo.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE.

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