sexta-feira, 3 de junho de 2011

Correntes de e-mail parecem não sair de moda e ainda irritam internautas

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Publicação: 03/06/2011 14:15 Atualização:

Max Milliano Melo, do Correio Braziliense


A fórmula é sempre a mesma: no assunto da mensagem, um alerta — “Urgente!”, “Cuidado” ou “Importante!!!!!” dão o tom do que está por vir. Logo em seguida, uma mensagem sobre algum tema, digamos, contundente: câncer, crianças doentes, novas técnicas de assalto ou mesmo prêmios. Para dar mais veracidade à história, a mensagem é recheada de referências sobre instituições conhecidas. “Isso aconteceu em tal supermercado”, “A informação está sendo divulgada pela Associação Médica Americana”, “A Polícia Militar alerta”: e, inevitavelmente, a mensagem termina com um pedido. “Repasse para todos os seus contatos”, escrevem os remetentes. Se você utiliza correio eletrônico, certamente já está familiarizado com essas características. Trata-se das correntes de e-mails, fenômeno quase tão antigo quanto a internet, mas que continua irritando muitos internautas.

Não se sabe exatamente como o fenômeno começou. Mesmo especialistas no mundo virtual têm dificuldade para determinar quais foram as primeiras correntes e onde elas surgiram. Uma das possíveis origens do fenômeno são as correntes de cartas que muito antes da primeira mensagem de correio eletrônico ter sido trocada nos Estados Unidos, em 1969, já marcavam presença nas caixas de correio das casas, com campanhas para crianças doentes, simpatias e alertas sobre doenças — sempre repetindo o mantra “copie para as pessoas que você conhece”. Com o surgimento da comunicação virtual, essas cartinhas migraram para o meio digital.

Para Bia Granja, uma das fundadoras do Youpix, site que monitora as principais tendências entre o que é produzido na web brasileira, a longevidade desse tipo de conteúdo, numa plataforma como a internet, onde as mudanças acontecem em uma velocidade gigantesca, é explicada pelo momento de expansão que a rede vive no país. “Por conta da inclusão digital, a cada dia mais e mais pessoas passam a ter acesso a internet e repetem os mesmos ‘vícios’ e comportamentos das gerações que já passaram por isso”, afirma. Por essa razão, os principais propagadores desse tipo de mensagem, segundo Bia, são pessoas que, em geral, não tinham acesso a internet há pouco tempo. “São os que estão se incluindo digitalmente agora, muitas vezes pessoas mais velhas, como nossos pais ou avôs”, completa.

Por mais que, para muitos, as mensagens sejam extremamente irritantes, é preciso lembrar-se que nem sempre quem as envia está mal intencionado. “O perfil do internauta que repassa correntes é o mesmo de quem aceita um e-mail do banco dizendo que precisa digitar todos os dados bancários para atualizar a chave de segurança ou que instalam um programa para ver as fotos do marido com a suposta amante”, avalia José Lúcio Balbi de Mello, diretor de tecnologia da Ledcorp Informática e Telecomunicações. “Via de regra, são pessoas de boa-fé e com tempo sobrando para ‘ajudar’ os amigos, repassando uma informação ‘preciosa’”, afirma.

Redução
A farmacêutica Vanessa Soares, 23 anos, lida com as correntes desde quando ingressou no mundo virtual, nos anos 1990. Acostumada a receber esse tipo de mensagem há anos, ela conta que nos últimos tempos esse tipo de conteúdo tem diminuído. “Há alguns anos, eu recebia correntes todos os dias, mas, com o tempo, a frequência diminuiu, mas não desapareceu completamente. Hoje, mais um menos uma ou duas vezes por semana, abro o meu e-mail e encontro alguma corrente”, conta a jovem. “Aquelas que pedem doações ou ‘denunciam’ algum problema diminuíram um pouco. Hoje, as que recebo são mais relacionadas à religião ou à divulgação de pessoas desaparecidas, por exemplo”, completa.

Para se livrar desse tipo de conteúdo, a moça encontrou um jeitinho bem brasileiro. Quando identifica um usuário que manda muitas mensagens desse tipo, ela divulga seu e-mail secundário. “É um e-mail alternativo, que não abro todos os dias”, ensina Vanessa. A estratégia garante que as mensagens mais importantes que recebe no dia a dia não fiquem perdidas em meio às dezenas de anexos com piadas, mensagens, orações e campanhas. “Aí, de vez em quando, quando estou com tempo, eu entro e leio algumas. Mas só as que não são muito grandes”, admite.

Apesar de não gostar das correntes, Vanessa admite que, eventualmente, passa adiante algumas das mensagens que recebe. “Mas só quando é algo de humor, muito engraçado”, conta. No mais, ela ou as guarda para si ou as deleta rapidamente. “Antes, muitas pessoas acreditavam que, se não as repassassem, teriam má sorte ou sofreriam alguma consequência negativa. Hoje, acho que as pessoas deixaram de acreditar nisso. Quem mais me manda correntes são pessoas que têm mais tempo livre para ficar lendo e encaminhando”, completa.

A pedagoga Lúcia Melo, 47 anos, admite que envia para os amigos algumas correntes de e-mail. “Não mando aquelas que dizem que sua vida vai acabar ou que você ficará pobre caso não encaminhe”, pondera. As mensagens animadas e os arquivos de slides são os seus preferidos. “Acho que é uma forma de demonstrar amizade. Quando falam para repassar para os amigos que mais gosto, acho que seria até deselegante não enviar para as pessoas mais próximas”, completa.

Calma
Lúcia admite que algumas pessoas não gostam das mensagens, mas acredita que a melhor solução é resolver amigavelmente. “Já recebi e-mails de pessoas que diziam que não gostariam de receber esse tipo de mensagem. Naturalmente quando alguém diz isso, não envio mais e-mails de mensagens para eles”, completa a pedagoga. “Além disso, se a pessoa não gosta, é muito simples, basta apagar a mensagem. Não vejo motivos para estardalhaço em relação a isso”, completa.

Opiniões diversas à parte, os internautas devem ficar alertas em reação aos perigos que esse tipo de conteúdo pode conter. Muito além de inverdades ou de histórias fantasiosas, as correntes podem estar carregadas de vírus e outros dispositivos que ameaçam a integridade do computador. Por isso, todo cuidado é pouco, mesmo quando o e-mail foi enviado por uma pessoa conhecida. “Muitas vezes, as pessoas não estão suficientemente protegidas em seus computadores pessoais. Por isso, manter um bom ativius funcionando é essencial”, alerta André Carrareto, gerente de engenharia de sistema da Symantec, empresa de segurança digital.

A dica do especialista é manter os programas antivírus sempre atualizados e evitar abrir anexos cuja extensão — a terminação, como “.ppt”, “.doc”, ou “.jpeg”, que determina que o tipo do arquivo, e qual programa irá abri-lo — é desconhecida. “Em 2007, as vacinas que lançávamos tinham que dar conta de 250 mil vírus. Hoje, esse número pulou para mais de 288 milhões”, aponta Carrareto. “Esse é um mercado que muda muito, daí a importância de manter uma boa solução de proteção” completa o especialista.
FONTE: DN ONLINE.

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