Brasília – O governo federal estuda meios de aumentar a quantidade
de médicos disponíveis para a população, incrementando o número de
profissionais formados nas universidades brasileiras. De acordo com o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a meta é aumentar em 4 mil
vagas a capacidade do sistema de ensino até 2020. (dois anos antes do
Brasil completar 200 anos de Independência).
Conforme o estudo Demografia Médica no Brasil, publicado em dezembro
do ano passado pelo Conselho Federal de Medicina, há 1,95 médico por
mil habitantes no Brasil. A proporção é inferior à de países com
economia menor do que a brasileira como Cuba (6,39), a Grécia (6,04),
Portugal (3,76), a Argentina (3,16) e o México (2,89). “Por sermos a
sexta economia do mundo, pelo nosso PIB [Produto Interno Bruto] per capita há um déficit de médicos”, admitiu Mercadante.
O ministro calcula que, para chegar a 2,5 médicos por mil habitantes
até 2020, é preciso abrir 9 mil vagas, "o que é absolutamente
impraticável, porque vaga em medicina tem que abrir com segurança, tem
que ter qualidade". "Não é só ter médico, mas ter bons médicos. Estamos
lidando com as vidas das pessoas”, acrescentou..
Mercadante destacou que “cada aluno de medicina tem que ter cinco
leitos do SUS [Sistema Único de Saúde] para a sua formação, tem que ter
hospital [para residência médica], tem que ter laboratório, tem que ter
uma equipe médica docente, tem que ter estrutura".
Para aumentar o número de médicos formados, Aloizio Mercadante prevê
a expansão em 12% do número de vagas nas faculdades de medicina das
universidades federais; a criação de mais faculdades da rede pública
estadual e da rede privada (com boa avaliação no Ministério da
Educação), além da abertura de faculdades de hospitais de excelência,
como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein (São Paulo). “Estamos
dialogando”, antecipou o ministro.
O governo também irá instalar faculdades de medicina em quatro
instituições de ensino superior que serão abertas nos próximos anos:
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará; Universidade Federal da
Região do Cariri; Universidade Federal do Oeste da Bahia e Universidade
Federal do Sul da Bahia.
A necessidade de novas faculdades de medicina é questionada, no
entanto, dentro da própria comunidade médica. Conforme artigo postado no
site do Conselho Federal de Medicina
pelo cirurgião oncológico Alfredo Guarischi, membro da Câmara Técnica
de Oncologia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de
Janeiro, “O Brasil só perde para a Índia no número de faculdades de
medicina. Vencemos até os EUA”.
Para Guarischi, o Brasil é reconhecido pela qualidade dos serviços
prestados em algumas áreas. "O nosso maior problema está na desigualdade
de oferta de serviços, entre as regiões do país, em um mesmo mesmo
estado, entre suas cidades ou mesmo em sua capital”.
Aloizio Mercadante disse que o Ministério da Saúde está discutindo
uma política que permita a melhor distribuição dos médicos, assim como
estimule os profissionais a irem para regiões mais carentes. "Há um
problema de fixação e um problema de oferta, esse segundo é problema do
MEC”, disse.
Mercadante falou à Agência Brasil após o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela EBC Serviços
e pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Durante o
programa, Mercadante informou que todos os municípios ganharão reajuste
de 66,7% para a compra da merenda escolar; e que os prefeitos receberão
antecipadamente os recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)
para a manutenção de creches. O governo federal também estuda a
possibilidade de utilizar material pré-moldado para acelerar a
construção dessas unidades.
Edição: Juliana Andrade
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário