terça-feira, 22 de maio de 2012

MAGISTÉRIO - Educação vai discutir cumprimento do piso salarial de professores

A Comissão de Educação e Cultura realiza hoje audiência pública para discutir a implementação do piso nacional dos professores, previsto na Lei 11.738/08 e fixado, atualmente, em R$ 1.451. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), pelo menos 13 estados não pagam esse valor. A reunião será realizada às 14h, no plenário 10.

O debate foi proposto pelo deputado Luiz Noé (PSB-RS). Ele citou a situação dos professores da rede estadual gaúcha, que recebem piso de R$ 791 – o menor do País. O governo do RS argumenta que o vencimento básico dos professores ficou “achatado” ao longo dos anos.

“Para inflar o salário, a remuneração total é composta por extras, como gratificações a abonos. Mas a Lei do Piso determina que o valor mínimo tenha como referência o vencimento inicial e não inclua na conta esses adicionais”, disse o deputado.

Foram convidados para o debate o chefe da Casa Civil do Rio Grande do Sul, Carlos Pestana Neto; o secretário de Administração de Pernambuco, Ricardo Dantas; o prefeito de Cruz Alta (RS), Vilson Santos; o presidente da CNTE, Roberto Leão; e o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CMN), Paulo Ziulkoski.

Impacto - Durante a comissão geral realizada na quinta-feira (17), o presidente da CNM criticou as propostas em tramitação no Congresso de elevação de pisos salariais. Ziulkoski argumentou que o impacto do piso dos professores já foi de R$ 25 bilhões para os cofres municipais. “As leis votadas conduzem os prefeitos ao cadafalso. Votaram um piso que provavelmente não tenham lido. Nenhum prefeito, nenhum governador cumpre a lei do piso. E nenhum vai cumprir”, disse.

Também na comissão geral, a senadora Ana Amélia (PP-RS) declarou que os municípios estão sobrecarregados. “Parece que vamos precisar de mais 30 marchas [dos prefeitos] até que a Federação fique mais equilibrada e democrática. O piso dos professores é justo, mas é injusto quando a União quer fazer festa com o chapéu alheio. As administrações já estão com a corda no pescoço”, disse.

Recursos - Estados e municípios reclamam da falta de recursos para o cumprimento da lei. “Estamos chegando a um conflito: ou os estados vão cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal ou vão cumprir a lei do piso. O gestor não terá como resolver isso”, alertou o secretário de Educação de Santa Catarina e representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps, em audiência realizada Câmara.

O presidente da CNTE, Roberto Franklin de Leão, disse que o aumento do salário dos professores depende da colaboração de todos. “O governo federal precisa pôr a mão no bolso. Os critérios de complementação não podem ser tão restritos. Mas os prefeitos e governadores também têm de abrir a mão, deixar de desperdiçar recursos em outras áreas e garantir que os professores estejam em sala de aula”, defendeu.
FONTE: JORNAL DA CÂMARA.

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