Brasília – Ao participar da cerimônia de homologação das Diretrizes
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, o ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, explicou hoje (29) que as normas vão orientar todas
as atividades pedagógicas em sala de aula na tentativa de desenvolver um
processo de formação voltado para o respeito à diversidade, contra a
violência e a favor da solução pacífica de conflitos.
“A escola forma do ponto de vista técnico-profissional, do ponto de
vista acadêmico-científico, mas tem que ser uma escola de valores, que
forma para a vida e a vida em sua plenitude. Essas diretrizes do
Conselho Nacional de Educação [CNE] orientam essa escola nos valores que
temos que impulsionar no cotidiano da escola pública brasileira”,
ressaltou.
As diretrizes têm como fundamento os seguintes princípios: a dignidade
humana; a igualdade de direitos; o reconhecimento e a valorização das
diferenças e das diversidades; a laicidade do Estado; a democracia na
educação; a transversalidade, a vivência e a globalidade; e a
sustentabilidade socioambiental.
Já a inserção dos conhecimentos no âmbito dos direitos humanos, na
organização dos currículos da educação básica e da educação superior,
poderá ocorrer das seguintes formas: pela transversalidade, por meio de
temas relacionados aos direitos humanos e tratados interdisciplinarmente
ou como um conteúdo específico de uma das disciplinas já existentes no
currículo escolar; e ainda de maneira mista, combinando transversalidade
e disciplinaridade.
Na cerimônia, Mercadante disse que vê a homologação das diretrizes não
como ponto de chegada, mas como ponto de partida, já que é preciso
transformá-las em experiências didáticas, pedagógicas e cotidianas em
uma rede que tem 2 milhões de professores e 56 milhões de alunos.
De acordo com o ministro, o país registra anualmente, apenas em escolas públicas, entre 6 mil e 8 mil casos de bullying
– ato de agredir fisicamente ou verbalmente alguém, de forma
intencional e continuada. “Tudo isso tem que ser enfrentado com coragem,
com reflexão pedagógica e com uma orientação cuidadosa. Essas
diretrizes, que foram aprovadas por unanimidade no Conselho Nacional de
Educação, apontam um caminho para que isso possa avançar”, destacou.
O presidente do CNE, Antônio Carlos Caruso Ronca, classificou a
homologação das diretrizes como um momento para celebrar a possibilidade
de mudança e de tempo novo. “Quando nos metemos nessa aventura,
percebemos que precisaria ser construído por muitas mãos”, disse, ao
explicar que mais de 25 pessoas participaram ativamente da elaboração
das normas. “Sabemos que, se não atingirmos a escola, a educação básica e
superior, a mudança será muito lenta – se houver alguma. A realização
desse sonho nos deve levar à consciência de que precisamos continuar e
divulgar, espalhar, refletir, levar a escola a pensar.”
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, Maria do Rosário, avaliou que as normas representam “um ato
ousado” que aborda temas como o próprio bullying, mas também o racismo e a discriminação de viés homofóbico.
“É algo concreto que cada professor e professora, cada educador e
educadora, nas redes formais ou não formais, terão como referência como
produzir valores efetivos para uma sociedade que enfrenta a banalização
da violência com a qual convivemos no cotidiano”, disse. “Como
diretrizes, elas pressupõem que é na escola e nos processos de educação
que os educadores e a sociedade poderão estar produzindo melhores
possibilidades com os direitos humanos”, completou.
Edição: Lana Cristina
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
Nenhum comentário:
Postar um comentário