Na Região Norte, na avaliação dos anos finais, quatro dos seis estados não atingiram a meta estabelecida. O maior distanciamento ocorreu no Amapá, com nota 3,7 no Ideb 2011, enquanto o índice pretendido era 4, em uma escala de 0 a 10. Na média geral, a região obteve 3,8, resultado 0,2 ponto acima da meta, que era 3,6.
No Nordeste, somente o estado de Sergipe (3,3) não atingiu a sua meta, 3,5 pontos. No Sudeste, isso ocorreu também com o Espírito Santo, que registrou índice 4,2, abaixo da meta de 4,3.
O Rio Grande do Sul (4,1), por sua vez, ficou 0,2 ponto abaixo da nota pretendida (4,3). Todas as regiões brasileiras, no entanto, atingiram ou superaram suas metas.
Para o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), o alto percentual de abandono e reprovação nas séries finais pode explicar o baixo desempenho nesse nível escolar. “A perda média de alunos é 17% nos anos finais do ensino fundamental, isso faz com que o Ideb não cresça sempre. Essa perda está diminuindo ao longo dos anos, mas aqui [anos finais] me parece um problema até mais acentuado do que a não aprendizagem”, avalia.
Entre as razões que podem explicar o alto número de evasão nessa etapa da vida escolar, o professor aponta o histórico de reprovação dos alunos, fazendo com os adolescentes fiquem fora da faixa etária para a turma, a pressão familiar e social para inserção dos jovens no mercado de trabalho, assim como o descontentamento do próprio estudante com a escola. “Não há paralelo no mundo de uma situação com tantas perdas na escolarização básica”, diz.
Alavarse critica a cultura da reprovação no sistema de ensino brasileiro. “É como se a escola fosse uma máquina para selecionar, para sancionar quem são os bons. Reverter isso não é tarefa simples, mas tem que ser equacionada”, aponta.
A diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, avalia que há distorções nos investimentos voltados para essa etapa da educação básica. “O ensino fundamental 2 [anos finais] é o nó invisível. Ninguém enxerga essa etapa e é onde a velocidade do avanço começa a diminuir, é quando começa a haver problemas no fluxo. [Esse nível escolar] tem muito menos espaço nas políticas. As atenções estão voltadas para seus dois irmãos – o mais velho [ensino médio] e o mais novo [anos iniciais do ensino fundamental]", critica.
Ela acredita que os investimentos feitos nas séries iniciais não repercutem de forma intensa na fase final do ensino fundamental. “O ganho que temos visto no ensino fundamental 1 [anos iniciais], o fundamental 2 [anos finais] não consegue acrescentar muita coisa”, avalia.
O professor da USP Ocimar Alavarse, por sua vez, aposta que esse processo poderá ser revertido nas próximas avaliações. “As turmas de 8ª série [9º ano, conforme classificação atual] vão ter um avanço importante, porque vão acolher os alunos que tiveram crescimento mais significativo na 4ª série [ou 5º ano]”, estima.
As secretarias de Educação dos estados citados foram procurados pela Agência Brasil, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.
Edição: Carolina Pimentel e Juliana Andrade
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
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