Festival de teatro de bonecos reúne companhias da Europa, América Latina e do Brasil
Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Um cortejo do grupo mineiro Giramundo, com 25 bonecos, marcará a abertura do projeto Sesi Bonecos, um dos maiores festivais de teatro de animação do mundo, que será realizado entre os dias 17 e 21 deste mês na capital paulista e reúne companhias da Europa, América Latina e do Brasil. Além da apresentação, o Giramundo aproveita o evento para fazer uma exposição comemorativa dos 40 anos de existência, com seus 120 bonecos mais importantes. Entre as mais de mil marionetes, o grupo selecionou heróis e vilões que marcaram suas criações.
De acordo com a idealizadora do Sesi Bonecos, Lina Rosa Vieira, o projeto foi criado em 2004 com o objetivo de envolver multidões diante de uma cultura sofisticada, que dá acesso ao teatro de bonecos com suas diferentes técnicas e conceitos. “Esse espetáculo mostra que bonecos não são coisas só para as crianças e não são só uma manifestação folclórica, podendo ser muito sofisticados”. Segundo ela, quando eventos como esse conseguem reunir até 30 mil pessoas tanto a autoestima da plateia quanto a do artista é resgatada, por conta da democracia cultural e na dedicação em fazer um evento de qualidade.
Lina disse que um destaque dessa edição é a possibilidade de o público poder trocar de papel, passando a ser boneco e bonequeiro por meio das atividades oferecidas. “Os participantes poderão entrar na cenografia, que é viva e propõe jogos teatrais com a plateia. Também pode interagir com a tenda dos mestres tradicionais mamulengueiros. “Esses mamulengos interagem com a plateia e trocam de papel porque fazem parte do jogo cênico”.
No evento haverá uma casa fotográfica com palco e fios para que as pessoas se amarrem nesses fios e tenham a vivência de um boneco que gostariam de ser. “Nós fazemos uma sessão fotográfica, entregamos uma cópia para a pessoa na hora e disponibilizamos cópias na internet, tudo de graça”.
Durante os cinco dias de espetáculos, que serão realizados no Parque do Ibirapuera e no Teatro do Sesi,
também serão promovidas oficinas e exposições. Participam dos desfiles artistas de companhias internacionais como a de Victor Antonov (Rússia), que trará o Circo en Los Hilos - uma obra de diferentes números de circo realizados com a técnica dos fios. Antonov é tido como um mestre das marionetes não apenas na Rússia, mas em toda a Europa. Outros grupos que chamam a atenção são a Companhia Hugo e Inês,que encena Cuentos Pequeños captando momentos poéticos do dia a dia, e La Santa Rodilla (O Santo Joelho), que apresentará a obra Manologías. As duas são do Peru.
Ainda na grade internacional estão Jordi Bertran (Espanha), Girovago & Rondella (Itália), Hugo e Ines/La Santa Rodilla (Peru) e ViajeInmóvil (Chile). Entre as companhias brasileiras estão XPTO (São Paulo), Trip Teatro de Animação (Santa Catarina) e Duas Companhias (Pernambuco).
Entre as brasileiras estão também o Duas Companhias, que vem de Recife para apresentar Caetana, uma forma poética de denominar a morte. Na peça, uma rezadeira se vê diante da morte e encontra algumas almas anteriormente encomendadas por ela. Três grupos virão do Rio Grande do Sul. O Mosaico Cultural encena os Corsários Inversos, a Cia Gente Falante com o Circo Minimal, e a Caixa do Elefante, com Histórias da Carrocinha.
Há também o ateliê ao vivo dos Mestres Mamulengueiros, cultura popular originária do Nordeste. O mamulengo vai ganhar vida com os ensinamentos dos mestres Chico Simões, Tonho de Pombos, Zé de Vina, Waldeck de Garanhuns e Josivan, que se dividirão em oficinas montadas na Tenda dos Mestres. O público poderá ver de perto como se confecciona e manuseia os bonecos.
No sábado, o festival será encerrado com um show do grupo Pequeno Cidadão, formado pelos músicos Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Antônio Pinto e Taciana Barros, que tocam músicas para crianças.
Todos os espetáculos têm classificação livre, com exceção dos também brasileiros O Teatrinho de Dom Cristóvão, com o XPTO, e O Incrível Ladrão de Calcinhas, com o Trip Teatro de Animação. O diretor do grupo XPTO, Oswaldo Gabrieli, contou que desde o início do projeto os bonecos do XPTO fazem parte do evento. Este ano o espetáculo de luvas será para os adultos com a obra de Federico Garcia Lorca, na qual dom Cristóvão é um velho rabugento que precisa de dinheiro para se casar com uma moça muito mais nova. “Essa é a única peça de Garcia Lorca feita para bonecos. É uma peça bem popular, simples, curta, de segundas intenções nas palavras e ao mesmo tempo muito poética”. Participam da peça cinco artistas, sendo dois músicos, dois atores com os bonecos e um ator “de verdade”.
Gabrieli explicou que o teatro de bonecos surgiu há quase 300 anos com uma função social. Apresentado nas praças públicas para os adultos, discutia temas contra a monarquia, a política atual. “Eles faziam um trabalho muito forte de luta política por meio do teatro de bonecos. Às vezes, a polícia chegava e destruía o teatrinho”.
Depois de passar por São Paulo, o evento vai para o Rio de Janeiro. Todas as atividades são gratuitas.
Edição: Graça Adjuto
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Um cortejo do grupo mineiro Giramundo, com 25 bonecos, marcará a abertura do projeto Sesi Bonecos, um dos maiores festivais de teatro de animação do mundo, que será realizado entre os dias 17 e 21 deste mês na capital paulista e reúne companhias da Europa, América Latina e do Brasil. Além da apresentação, o Giramundo aproveita o evento para fazer uma exposição comemorativa dos 40 anos de existência, com seus 120 bonecos mais importantes. Entre as mais de mil marionetes, o grupo selecionou heróis e vilões que marcaram suas criações.
De acordo com a idealizadora do Sesi Bonecos, Lina Rosa Vieira, o projeto foi criado em 2004 com o objetivo de envolver multidões diante de uma cultura sofisticada, que dá acesso ao teatro de bonecos com suas diferentes técnicas e conceitos. “Esse espetáculo mostra que bonecos não são coisas só para as crianças e não são só uma manifestação folclórica, podendo ser muito sofisticados”. Segundo ela, quando eventos como esse conseguem reunir até 30 mil pessoas tanto a autoestima da plateia quanto a do artista é resgatada, por conta da democracia cultural e na dedicação em fazer um evento de qualidade.
Lina disse que um destaque dessa edição é a possibilidade de o público poder trocar de papel, passando a ser boneco e bonequeiro por meio das atividades oferecidas. “Os participantes poderão entrar na cenografia, que é viva e propõe jogos teatrais com a plateia. Também pode interagir com a tenda dos mestres tradicionais mamulengueiros. “Esses mamulengos interagem com a plateia e trocam de papel porque fazem parte do jogo cênico”.
No evento haverá uma casa fotográfica com palco e fios para que as pessoas se amarrem nesses fios e tenham a vivência de um boneco que gostariam de ser. “Nós fazemos uma sessão fotográfica, entregamos uma cópia para a pessoa na hora e disponibilizamos cópias na internet, tudo de graça”.
Durante os cinco dias de espetáculos, que serão realizados no Parque do Ibirapuera e no Teatro do Sesi,
também serão promovidas oficinas e exposições. Participam dos desfiles artistas de companhias internacionais como a de Victor Antonov (Rússia), que trará o Circo en Los Hilos - uma obra de diferentes números de circo realizados com a técnica dos fios. Antonov é tido como um mestre das marionetes não apenas na Rússia, mas em toda a Europa. Outros grupos que chamam a atenção são a Companhia Hugo e Inês,que encena Cuentos Pequeños captando momentos poéticos do dia a dia, e La Santa Rodilla (O Santo Joelho), que apresentará a obra Manologías. As duas são do Peru.
Ainda na grade internacional estão Jordi Bertran (Espanha), Girovago & Rondella (Itália), Hugo e Ines/La Santa Rodilla (Peru) e ViajeInmóvil (Chile). Entre as companhias brasileiras estão XPTO (São Paulo), Trip Teatro de Animação (Santa Catarina) e Duas Companhias (Pernambuco).
Entre as brasileiras estão também o Duas Companhias, que vem de Recife para apresentar Caetana, uma forma poética de denominar a morte. Na peça, uma rezadeira se vê diante da morte e encontra algumas almas anteriormente encomendadas por ela. Três grupos virão do Rio Grande do Sul. O Mosaico Cultural encena os Corsários Inversos, a Cia Gente Falante com o Circo Minimal, e a Caixa do Elefante, com Histórias da Carrocinha.
Há também o ateliê ao vivo dos Mestres Mamulengueiros, cultura popular originária do Nordeste. O mamulengo vai ganhar vida com os ensinamentos dos mestres Chico Simões, Tonho de Pombos, Zé de Vina, Waldeck de Garanhuns e Josivan, que se dividirão em oficinas montadas na Tenda dos Mestres. O público poderá ver de perto como se confecciona e manuseia os bonecos.
No sábado, o festival será encerrado com um show do grupo Pequeno Cidadão, formado pelos músicos Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Antônio Pinto e Taciana Barros, que tocam músicas para crianças.
Todos os espetáculos têm classificação livre, com exceção dos também brasileiros O Teatrinho de Dom Cristóvão, com o XPTO, e O Incrível Ladrão de Calcinhas, com o Trip Teatro de Animação. O diretor do grupo XPTO, Oswaldo Gabrieli, contou que desde o início do projeto os bonecos do XPTO fazem parte do evento. Este ano o espetáculo de luvas será para os adultos com a obra de Federico Garcia Lorca, na qual dom Cristóvão é um velho rabugento que precisa de dinheiro para se casar com uma moça muito mais nova. “Essa é a única peça de Garcia Lorca feita para bonecos. É uma peça bem popular, simples, curta, de segundas intenções nas palavras e ao mesmo tempo muito poética”. Participam da peça cinco artistas, sendo dois músicos, dois atores com os bonecos e um ator “de verdade”.
Gabrieli explicou que o teatro de bonecos surgiu há quase 300 anos com uma função social. Apresentado nas praças públicas para os adultos, discutia temas contra a monarquia, a política atual. “Eles faziam um trabalho muito forte de luta política por meio do teatro de bonecos. Às vezes, a polícia chegava e destruía o teatrinho”.
Depois de passar por São Paulo, o evento vai para o Rio de Janeiro. Todas as atividades são gratuitas.
Edição: Graça Adjuto
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
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