Brasil sobe cinco posições e fica em 53º em ranking de competitividade
Publicada em 07/09/2011 às 08h38m
Clarice Spitz (clarice.spitz@oglobo.com.br)RIO - Embalado pelo forte crescimento do último ano, o Brasil subiu cinco posições na escala de competitividade global e passou a ocupar o 53º posto no ranking de 142 países avaliados pelo Fórum Econômico Mundial. Desde 2006, quando a capacidade de competir passou a ser medida pelo organismo, o país já teve um progresso de 17 posições, se forem considerados apenas os 122 países originalmente pesquisados. A lista dos mais competitivos continua sendo liderada majoritariamente por europeus, com a Suíça, que encabeça a lista desde o ano passado, seguida por Cingapura. A reboque da lenta recuperação internacional, os Estados Unidos perdem posição pelo terceiro ano consecutivo, mas ainda permanecem em quinto globalmente. - O crescimento consistente da economia brasileira no momento em que os países desenvolvidos estavam com um nível muito baixo de expansão gerou crescimento da economia doméstica, da renda das famílias e isso foi determinante para influenciar a perspectiva de crescimento futuro - afirmou Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral, que é parceira do Fórum Econômico Mundial. Ele lembra que um terço da pontuação de competitividade do país vem da opinião de empresários e o otimismo pode ter influenciado a opinião sobre Instituições, grande destaque para o país.
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Brasil está mais próximo de países mais inovadores
O ranking avalia 12 pilares de competitividade que abrangem itens básicos, como infraestrutura, estabilidade macroeconômica, educação, eficiência do mercado de bens e de trabalho e inovação e eficiência do mercado de trabalho.
Ainda na esteira do crescimento do PIB per capita, o Brasil estreou no bloco de países considerados em estágio de transição entre um nível de eficiência de mercado (intermediário) e o nível de inovação (mais avançado).
Entre países com o mesmo nível de desenvolvimento, o Brasil ficou bem acima da Argentina (em 85º), mas ainda está bem distante do Chile (31º), mais atrativo entre os países da América Latina. Entre os pontos considerados fortes da economia brasileira estiveram o ambiente de sofisticação empresarial com a qualidade da gestão e nível institucional.
Infraestrutura, educação e spread bancário travam avanço maior
Apesar do avanço, a competitividade brasileira foi travada por quesitos considerados como básicos, como infraestrutura, estabilidade macroeconômica e educação. O Brasil ainda está entre os últimos do mundo na spread bancário (diferença entre os juros que as instituições financeiras pagam para captar e cobram para emprestar recursos), na 136ª posição. A burocracia para abertura de um novo negócio e tributos ainda deixam o país na lanterna em relação a outros países do mundo.
-O Brasil teria um potencial muito grande de crescimento muito mais interessante se tivesse melhorado nos fatores básico - afirma Arruda.
A educação básica é outro empecilho que continua puxando para baixo os índices de competitividade brasileiros. O Brasil permanece muito defasado no quesito qualidade da educação básica, com baixa taxa de matrícula.
- Isso mostra como a qualidade do nosso investimento para o futuro ainda é muito abaixo da expectativa do país na situação atual - lamenta Arruda.
Outro pilar considerado problemático para o país é o de infraestrutura, historicamente entre os piores do mundo especialmente sensíveis em aeroportos, rodovias e ferrovias.
Brasil fica em terceiro entre Brics
Mesmo com maior avanço entre os emergentes que atendem pela sigla Brics, o Brasil ainda está bem atrás da China, líder dos emergentes, em termos de inovação. O país fica em 44ª no ranking, enquanto a China tem a 29ª posição. O Brasil passou a Índia neste ano e está em terceiro entre os Brics.
Para o economista e diretor associado do Centro de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, Beñat Bilbao-Osorio, os maiores gargalos para a competitividade brasileira estão relacionados à qualidade de educação, mão de obra e inovação, quesitos mais ligados à condição de economias mais fortes.
- São variáveis que estão relacionados e que passam a ter mais peso se o Brasil quiser fazer parte do bloco mais desenvolvido de competitividade - afirmou. - É preciso pôr em prática uma agenda de reformas para tornar o mercado de trabalho mais flexível, para elevar a competição em mercados e aumentar o investimento no desenvolvimento da infraestrutura e na qualidade da educação- considera.
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