- Para Daniel T. Willingham, o aprendizado tem de ser uma experiência mais envolvente
Willingham, que é professor de Psicologia na Universidade de Virgínia, ressalta que o processo de aprendizado precisa de mais significado. Na prática, contexto, historinhas, brincadeiras, emoção. Veja o que ele tem a ensinar.
Como estudante, o senhor gostava da escola?
Em geral, não gostava muito. Não era um estudante motivado. As coisas começaram a mudar no terceiro ano do ensino médio. Foi quando descobri a psicologia e fiquei muito entusiasmado para estudar o assunto.O senhor escreveu que o cérebro não foi concebido para pensar. Por quê?
Pensar é um processo lento, cansativo e incerto. Pense em resolver um problema – um problema matemático, como escolher um restaurante que agrade a todos em um grupo de oito pessoas. Isso toma tempo, energia, atenção e pode ser que a decisão final não seja satisfatória. Talvez, você nem chegue a uma solução.Qual é a participação da memória nesse processo?
Diante de um problema, tendemos a pensar se já passamos por algo semelhante antes. Se sim, nós nos perguntamos se o resultado anterior foi satisfatório, para repetir a solução usada naquela situação. Como pensar é um processo desgastante, usamos a memória para não ter que pensar de novo.O que os professores podem fazer para tornar o aprendizado mais interessante?
No livro, argumento que é importante que os alunos realmente compreendam as perguntas para poder respondê-las. Muitas das perguntas que fazemos na escola são aplicáveis a adultos. “Por que precisamos aprender o Teorema de Pitágoras?” A importância do que é ensinado deve ser muito bem explicada aos alunos. Perguntas não são interessantes para quem não as compreende.O senhor destaca a importância de atribuir significado ao que se ensina.
O que importa é mais fácil de lembrar. Por exemplo, um agrupamento aleatório de letras como ‘ttlceu’ é mais difícil de lembrar que uma palavra como ‘alface’. Com significado, conseguimos nos lembrar de ideias relacionadas. Isso ajuda o estudante a relacionar o que aprende ao que já sabe. Às vezes, aos próprios sentimentos. Se o aluno gosta (ou não) de alface, vai se lembrar mais facilmente da palavra.O que mais pode favorecer a memorização?
É um processo de duas fases. A primeira parte é atribuir significado ao que se aprende e relacionar esse novo conhecimento ao que já se sabe ou já se sente. A segunda é a prática. Brinque de testar a memória. Estudos recentes indicam que isso faz muito bem.Preciso perguntar diretamente: afinal, por que os alunos não gostam da escola?
Apesar do título do livro, reconheço que algumas crianças gostam da escola. A verdade é que as pessoas gostam de pensar, mas desde que o pensamento seja bem-sucedido. Isto é, desde que se consiga resolver o problema em questão. É por isso que tanta gente gosta de palavras-cruzadas. Mas o jogo não pode ser fácil demais nem impossível para você. Na sala de aula, misturamos crianças com diferentes níveis de aprendizado, o que pode deixar algumas delas entediadas ou frustradas.http://educacao.uol.com.br/
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