Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Especialistas em sustentabilidade reunidos hoje (16), em
São Paulo, cobraram uma maior participação da sociedade e da ciência na
construção dos debates da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O seminário, organizado pelo
Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), foi marcado por
críticas à agenda programada para a conferência, principalmente noque
diz respeito ao “viés empresarial” do evento.
“O que nós percebemos é que há uma posição fechada de governos, do
setor econômico e de entidades não governamentais mais chapa branca, em
uma posição de manutenção do status quo”, disse Carlos Bocuhy, membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e presidente do Proam.
“A ciência não é ouvida em relação aos ecossistemas, ou seja, há uma
grande interrogação nesse processo [da Rio+20]. A gente corre o risco
que a conferência seja apenas mais um momento para pintar o que nós já
temos aí de verde e não de, realmente, proporcionar para a sociedade
planetária um salto de qualidade na gestão do planeta”, completou.
Iara Noveli, professora livre docente em oceanografia biológica da
Universidade de São Paulo (USP), contestou a pequena participação,
segundo ela, de grupos tradicionais - como os ligados à agricultura
familiar - que encontraram soluções simples para os problemas
relacionados à sustentabilidade. “[Não estão sendo ouvidos] os grupos
sociais que vêm batalhando e saem das crises com ideias bem boladas,
grupos da agricultura familiar, grupos de pouquíssimos recursos, com
ideias muito interessantes”, declarou.
A Rio+20 reunirá representantes de cerca de 200 países no Rio de
Janeiro, no final de junho, com o objetivo de discutir a economia verde e
a criação de uma instituição internacional voltada para o
desenvolvimento sustentável ou o fortalecimento das estruturas já
existentes. Até o momento, cerca de 100 chefes de Estado e de governo
confirmaram participação na Rio+20.
Edição: Aécio Amado
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
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