Atendimento de crianças na pré-escola cresceu mais de 55% na última década
Brasília – Nos últimos dez anos, a taxa de atendimento das crianças de 4
e 5 anos na escola cresceu 55,8%. Em 2000, pouco mais da metade (51,4%)
da população nessa faixa etária tinha acesso à educação, patamar que
chegou a 80,1% em 2010. Entretanto, mais de 1,1 milhão de crianças entre
4 e 5 anos não frequentam a escola, de acordo com levantamento do
Movimento Todos pela Educação.
O desafio do país é incluir esse contingente de alunos nas redes de
ensino até 2016. Uma emenda constitucional aprovada em 2009 estabelece
que a pré-escola é etapa obrigatória no país, assim como o ensino médio.
Até então, a matrícula era compulsória apenas no ensino fundamental
(dos 6 aos 14 anos). Isso significa que no prazo de quatro anos as redes
municipais terão que oferecer vagas nas escolas a todas as crianças
entre 4 e 5 anos – e os pais terão de matriculá-las.
Para a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila
Cruz, o crescimento da pré-escola na última década é uma conquista
importante e indica que o país tem dado mais atenção à educação
infantil. “Na última década, houve um aprofundamento e uma proliferação
de estudos que comprovaram o impacto da educação infantil no futuro da
criança. É um investimento muito rentável do ponto de vista cognitivo,
do desenvolvimento social e econômico. Quanto mais cedo a criança entra
na escola, maior é o retorno daquele investimento. Esses estudos tiveram
espaço nas políticas públicas”, acredita Priscila.
O baixo atendimento no início da década estava ligado, inclusive, a
fatores culturais: muitas famílias não consideravam importante mandar os
filhos para a escola antes do ensino fundamental, já que a pré-escola
era vista apenas como um espaço para a criança brincar. Apesar dos
avanços, Priscila avalia que o esforço das redes municipais para incluir
1,1 milhão de crianças terá que ser maior.
“Elas são justamente as crianças mais difíceis de serem incluídas. São
aquelas que vivem em local de mais difícil acesso, ou tem alguma
deficiência, ou não podem ir para a escola porque são hospitalizadas, ou
seja, aquelas que vivem algum tipo de vulnerabilidade”.
A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime), Cleuza Repulho, avalia que será “muito difícil” para as redes
municipais cumprir a meta de universalização da pré-escola se não
houver mais investimento. Para isso, ela destaca a importância da
aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê um aumento dos
recursos para a área, inclusive com a participação da União. O projeto
está há mais de um ano em análise na Câmara dos Deputados.
De acordo com Cleuza, o principal problema para ampliar o atendimento é
a infraestrutura. “Quando falo em infraestrutura, é a construção de
prédios mesmo. Os problemas vão desde encontrar um terreno para a
construção, até a prefeitura conseguir bancar o custeio das escolas de
educação infantil”, explica.
Os dados do Movimento Todos pela Educação são de 2010, o que significa
que as crianças de 4 e 5 anos que estavam fora da escola naquele ano
provavelmente já estão matriculadas no ensino fundamental e muitas
chegaram a essa etapa sem cumprir a pré-escola. As prefeituras têm o
movimento demográfico a seu favor, já que a tendência é que a população
de 4 e 5 anos diminua nos próximos anos. Há previsão de uma queda de 22%
da população nessa faixa etária entre 2010 e 2022, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os estados, apenas o Ceará e o Rio Grande do Norte têm taxas de
atendimento na pré-escola superiores a 90%. Na outra ponta, Rondônia e o
Rio Grande do Sul têm menos de 60% das crianças de 4 e 5 anos
matriculadas. No total, 14 unidades da Federação têm índices de
atendimento inferiores à média nacional.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL.
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